Casa própria - minha dívida saudável

Eu não sei se li em algum lugar ou se eu mesmo inventei este nome para meu débito com o bancão do X. Serei honesto com vocês, quando adquiri meu imóvel, eu não tinha noção nenhuma de finanças. Era um zero à esquerda no que dizia respeito a investimentos. O pouco dinheiro que eu tinha guardado estava na poupança, me dando migalhas mensais.

O mais engraçado disso tudo é que eu sabia de tudo a respeito de apartamentos, por influência alheia. Não me lembro de nenhum dia ter pesquisado a respeito mas empiricamente sabia que:

"Térreo é ruim"

"Nascente é bom porque não tem sol de tarde"

"Longe da área de lazer por causa do barulho da garotada"

Quando na realidade eu deveria saber:

"Quanto estou pagando de juros nesse financiamento?"

"Será que vou conseguir manter esse apartamento pelos próximos 300 meses?"

"O que vai acontecer se eu atrasar parcelas por conta dos altos e baixos da vida?"

Hoje eu até sorrio quando vejo o primeiro boleto. Em letrinhas miúdas está escrito: parcela 1/300. Mano do céu! Que erva louca foi essa que fumei?? 

Estava oficialmente na corrida dos ratos.  Tinha adquirido um bem que cabia no orçamento e as parcelas eram decrescentes! E iria pagar menos que um aluguel! Sensacional!! Só não sabia que no final de 300 meses, poderia comprar 2 ou 3 imóveis com o valor que paguei durante todos esses anos...

300 meses... eu só poderia estar muito louco de bala. Mas não. Estava sóbrio, não tenho desculpas para isso que fiz.

Errar é humano mas continuar no erro é burrice. Quando comecei a adquirir inteligência financeira, aprendi que deveria quitar as dívidas o mais rápido possível. Mesmo no ímpeto de querer quitar o apê, existem alguns detalhes a serem conhecidos:

a) ele possui uma taxa de juros err, agradável, digamos assim;

b) com a queda dos juros e não encontrando nenhuma opção de investimento que me agrade, posso amortizar ao invés de aportar;

c) FGTS pode ser utilizado para amortização também (a cada 24 meses).

Tendo isto em mente, não possuo muita pressa em quitá-lo. Se o destino não pregar peças comigo e tudo transcorrer bem nos empregos, poderei zerá-lo em 4 anos, com o auxílio do FGTS. E aí sim, teremos uma festa: a festa do aumento do aporte! Aportarei mais e o sonho de ser livre estará cada vez mais próximo!

Mesmo tendo feito esta cagada financeira, a saída da casa dos pais foi fundamental para o desenvolvimento das responsabilidades da vida adulta. Sei que aprendi da pior forma possível, sentindo diretamente no bolso. 

Mas poderia ter sido bem pior. Já imaginaram se eu tivesse fechado uma taxa de 11% ao ano? Ou se eu tivesse adquirido um apartamento num valor bem mais alto? Iria ser uma bola de neve que nunca seria quitada. 

Hoje conheço o que tenho, sei o que devo fazer e como fazê-lo.

F.A.